Infinito Particular

"Eu não sou difícil de ler faça a sua parte, eu sou daqui eu não sou de Marte... Só não se perca ao entrar no meu Infinito Particular..." (Marisa Monte)

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O campo de Trigo

O dia amanheceu claro e límpido, ainda era possível ver resquícios da noite que terminara nas últimas estrelas que se despediam da lua que insistia em cumprimentar o Sol antes de partir. O que àquela época do ano era normal não parecia normal. O Sol parece mais brilhante, o céu mais azul... O dia perfeito! Se acreditasse em destino, diria que este dia mudaria o curso de sua vida, podia pressenti-lo no ar, no balanço dos ramos dos trigais que cobriam toda uma extensão de terra até onde a vista alcançava.

Antes de começar a travessia tinha que se encher de coragem e de certeza do que estava prestes a fazer, pois em seu intimo sabia que este poderia ser um caminho sem volta. Porém, nada havia que pudesse ser um sinal, estava só e teria que tomar, sozinho, a decisão de seguir ou não o caminho a sua frente.

Pensou na sua vida e em tudo o que construíra, e quanto mais refletia, mais percebia que tudo o que havia vivido nada mais era que um amontoado de coisas sem sentido, sem razão... Percebeu que durante toda a sua existência a única coisa que realmente havia ocupado sua razão e sentimentos era o que agora estava prestes a realizar. Por que durante todo o tempo apenas isso fazia sentido? Porque aquele campo de trigo tanto o fascinava? Porque sentira sempre essa vontade irresistível de saber o que havia do outro lado?

Nunca revelara a outros seu desejo, pois o teriam como tolo, já que todos se comportavam como se os trigais não existissem, ninguém o semeava, ninguém o colhia, apenas estava ali impassível e fascinante... Muitas vezes se sentia como os grãos de trigo não colhidos, inexistente para o mundo que o rodeava.
(continua...)

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