Infinito Particular

"Eu não sou difícil de ler faça a sua parte, eu sou daqui eu não sou de Marte... Só não se perca ao entrar no meu Infinito Particular..." (Marisa Monte)

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sábado, 12 de abril de 2008

Capítulo I - O chamado

O Sol começa a se por na tarde cálida de verão da bela Roma. Pessoas transitam pelas calçadas, turistas de toda parte do mundo, religiosos em suas mais diversificadas vestes congregacionais, é possível ouvir ao longe o badalar dos sinos da catedral de São Pedro. Sentada em um bistrô, olhos fixos no nada, mochila nas costas, café fumegante, uma lágrima solitária se desprende dos amendoados e castanhos olhos e vai pousar dentro da xícara de café, Lissandra passa o dorso da mão pelo rosto enquanto suas lembranças vagueiam por um passado tão próximo que ainda possui o cheiro das flores selvagens da sua querida Mégara, que sua mãe carinhosamente colhia para enfeitar seus longos e ondulados cabelos castanhos.
- Boa tarde, criança! Posso sentar-me com você?
Lissandra levanta os olhos ainda marejados, tentando disfarçar sua expressão entristecida. A sua frente uma pequena senhora de idade já avançada, uma figura frágil e ao mesmo tempo marcante, olhos de um azul profundo. Embora não a conhecesse, seu tom de voz e sua hábito tão bem alinhado e perfumado lhe pareceram extremamente familiar. Talvez pelo fato de ter visto religiosos demais nos últimos dias.
- Não gosto de tomar café sozinha, mas na minha idade a solidão é uma companheira comum... Está cada vez mais difícil encontrar companhia para uma boa conversa. Diz a senhora com um sorriso nos lábios e já puxando a cadeira para sentar-se.
Fique a vontade. É bom ter com quem conversar, sou nova aqui e ainda não fiz muitas amizades. A menina sorri meio desconsertada.
- Muito prazer! Eu me chamo Anunciata Libertori.
- Eu sou Lissandra Magnus.
- Eu sei. Eu conheço voce!
- Como! Eu estou na cidade a tão pouco tempo...
- Minha menina, quem não conhece a filha do brilhante filósofo Demetrius Magnus? A história da sua mãe saiu em todos os jornais... Eu sinto muito, você deve ter sofrido bastante. A senhora estende a mão e toca suavemente a mão de Lissandra.
- Ainda sofro! Não estava preparada, porque meus pais preferiram que eu não soubesse de nada para que eu tivesse uma vida feliz e tranquila. Não os culpo, mas acho que não abreviou em nada meu sofrimento... talvez se soubesse que minha mãe tinha tão pouco tempo de vida teria aproveitado mais cada momento ao seu lado... Os olhos da menina se enchem novamente de lágrimas.
- Querida, não se torture, é impossível prever os acontecimentos do futuro! Só Deus sabe quanto tempo cada um temos sobre a terra... Sua mãe te amava e queria o melhor para você, nota-se que ela fez uma excelente trabalho, porque você é uma moça linda e muito educada!
- Obrigada! Lissandra sorri. - Queria ter uma fé como a sua, porque sinceramente não consigo entender porque algumas coisas acontecem...
- Você tem... Só precisa descobrí-la!

Continua...

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