Infinito Particular

"Eu não sou difícil de ler faça a sua parte, eu sou daqui eu não sou de Marte... Só não se perca ao entrar no meu Infinito Particular..." (Marisa Monte)

Páginas

Seguidores

quarta-feira, 24 de maio de 2006

O preço do Paraíso (metáfora de uma vi_da)


Penso em quanto se deve “pagar“ para chegar ao paraíso... Pessoas como São Francisco de Assis sentiram no corpo as marcas do próprio Jesus por ter merecimento do Paraíso celestial, Ora o próprio Jesus foi o paraíso na Terra e tomou para si todas as dores do mundo sem reclamar ou contestar os planos de Seu Pai. Então mesmo aqueles que o merecem sofrem para chegar ao paraíso divino. Por outro lado devem existir aqueles que se julgam merecedores do paraíso e o “tomam” para si. Imagino o quanto não devem pagar por ele... Há ainda aqueles que não se julgam dignos da eternidade do Bem e mesmo assim o recebem. Sofrem calados e carregam sua Cruz por mais pesada que seja. Algumas vezes imagino que céu e Inferno não são lugares diferentes até porque não imagino que haja a dimensão de espaço no Todo Eterno. Nesses momentos sugiro que ambos são estados da alma no momento da passagem que chamamos morte, a quem São Francisco refere-se carinhosamente como irmã morte.
Ora se céu e inferno diferem-se na dimensão da alma e cada um escolhe seu paraíso pessoal se devemos construir na Terra nosso paraíso, porque buscamos tanto e tão desesperadamente coisas que nos dê a sensação de estarmos no paraíso e que na verdade são externas ao nosso ser... Pagamos um preço, muitas vezes alto emocionalmente e psicologicamente, para ter... E tentamos numa alquimia bizarra transmutar o ter num ser artificial e patético. Construímos corpos perfeitos, casas perfeitas, vivemos em lugares de sonhos e nosso eu interior acaba massacrado pelo peso da farsa que representamos para sermos aceitos numa sociedade que nos cobra o que nem sempre temos para dar e ressacha tantos outros valores que abundamos e por ficarem tão comprimidos em algum lugar de nossa alma acabam murchando e virando pó. Qual o lugar, na sociedade contemporâneo para família, amizade (sem interesses), humildade, castidade...
A vida tornou-se uma questão de escolha: Ou buscamos o paraíso terreno que só é possível seguindo os modos de vida atual e abrindo mão de todos os valores ou vivendo um personagem que concorda e aceita tudo o que vê ou guardando os valores e vivendo num inferno de insatisfação, inadequação, preconceito, etc., o que talvez nos dê a graça do paraíso celestial.
Uma vez assisti a um filme que me deu a dimensão perfeita de como vemos o paraíso na Terra. Surge no meio do deserto uma espécie de quadro vivo, como se fosse uma fenda numa dimensão qualquer, onde uma família vive tranqüilamente e em total harmonia numa casa de campo. Há pomares, jardins... No entanto esse “paraíso” está envolto por uma espécie de campo de força, intransponível. Logo chegam os militares para descobrir o que acontece naquele lugar. O interessante é que as pessoas de fora podem vê-los, mas os que vivem nessa “redoma” estão alheios ao que se passa lá fora. Num certo momento, um dos militares consegue, por um instante transpor o campo de força com uma das mãos, então descobrem que há um intervalo de tempo em que o campo de força pode ser transposto. Então passa a jogar, por uma maquina de bolas de golfe, cubos de gelo continuamente, até que a certa altura conseguem ultrapassar o campo e chegar ao que eles chamavam paraíso. O que eles descobrem é que uma vez lá destro aquelas pessoas que parecem dóceis e amáveis, convertem-se em feras terríveis e devoram aqueles que adentram seu paraíso...
Embora se propusesse um filme de terror, achei de uma filosofia social incrível.
Quantas vezes nos pegamos sonhando com um mundo, por exemplo, de glamour, dinheiro, posses como aquele que vemos na TV e pensamos, porque não posso ter tudo isso? Mas será que estaríamos preparados para abrir mão de tudo o que construímos como verdade e valores para estar naquele lugar? Ou seríamos devorados por aquele estilo de vida... Outros dirão que é possível viver com valores num mundo desse e que estou sendo preconceituosa e generalista, ora foi apenas um exemplo... Mas Jesus disse: “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”, ou “Se quer seguir-me distribua seus bens aos pobres e segue-me...” E então? Jesus também é preconceituoso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário